quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Está na hora. Mais que na hora até. Finalmente começo a dar passos largos e a caminhar novamente sozinha, sem aquela sombra amarga atrás de mim. Mas todo este tempo de sofrimento trouxe-me consequências quase irreversíveis, não fosse eu parar a tempo. Sim. Falo de um coração tão quente agora transformado em pedra. Falo de um olhar apaixonado, agora perdido na distância do horizonte. E de uma confiança tão saudável agora estilhaçada como vidro partido. Tudo isto consequências de um amor mal sucedido. Não por culpa minha, mas por culpa de quem não soube honrar este sentimento. E eu sempre me questionei sobre o porquê de ter ficado assim, tão infinitamente destroçada. Porque é que eu, tendo te amado tanto assim, tendo te dado tudo de mim, tendo feito tudo e tudo por ti, acabei assim, de coração desfeito? Porque é que não foste tu que ficaste a sofrer? Porque é que não foste tu que ficaste doente de tristeza? Porque é que não foste tu que passou noites sem dormir, e de olhos dilacerados e queimados de tanto chorar? Porque é que não foste tu quem perdeu a confiança, e porque não foste tu quem deixou de acreditar no amor? Porque é que quem ama, quem acredita, quem confia e quem é fiel acaba por ficar sempre com a pior posição? Será porque o mundo de hoje já não permite que acreditemos em bons valores? E que por isso quem o faz, acaba sempre prejudicado? Será? Mas como será isso assim? Teremos nós que viver do livre arbítrio, e fazer o que bem nos apeteça sem pensar em bons valores ou princípios, nem muito menos nas pessoas, para nunca ficarmos magoados? E onde nesse estado de espírito passa a estar a nossa consciência ética? Porque é que quem trai, quem mente, quem engana se sai sempre bem? Não vi tristeza nem arrependimento em ti. E no entanto como que cometeste um crime comigo. Esfaqueaste-me o coração, arrancaste-me o meu amor por ti, violaste a confiança entre nós e deixaste-me nua de espírito, num campo deserto, abandonada e rejeitada, sem alma nem esperança. Mas nada te castigou. Nem mesmo a tua consciência. E foi isso que mais me magoou. Deixas-te me a morrer e foste embora. Simplesmente foste embora sem olhar para trás sequer. Sem uma pinga de arrependimento. Como pode alguém fazer isso? Isso doeu tanto, nem imaginas o quanto. Para além da desilusão, esta dor juntamente coma traição foi a que custou mais neste processo todo. E passados estes meses todos finalmente começo a erguer me novamente, mais forte quiçá, mas mais intolerante, mais desconfiada e menos calorosa. Já não me arranhas a garganta. Já nem sequer me magoas. Nem um simples pensamento meu mereces. E por isso, encerro hoje, este meu capítulo sombrio que começou por ti e é acabado por mim, porque só de mim depende a minha felicidade. Faz hoje um ano que estava a viajar para a Républica Checa para ir ao teu encontro. E é a partir de hoje que nada mais terá a ver contigo, porque es apenas uma daquelas recordações que outrora foram fortes e boas, mas que sucumbiram e já nem sequer têm espaço para serem recordadas no futuro. E é assim. Estou pronta para o Adeus.






2 comentários:

  1. Finalmente:)
    Que corra tudo de bom contigo

    ResponderEliminar
  2. o livre arbítrio não passa duma ilusao.

    tiveste possibilidade d escolher entre chorar e não chorar?

    ResponderEliminar