Tenho comichão. Uma comichão que não pára. Mas não consigo arranhar, nem aliviar este ardor. Vem de lá, daquele sítio. Daquela crosta que não se vê. E flameja, arde. Estará ela a sarar? Porque deixou de doer? Apetece-me arrancá-la de tanta comichão. Afinal está lá, caladinha. Mas é diferente. Tranquilidade que encontra explosão. Explosão que encontra desprezo. Sinto-me forte, elevada, superior daquilo que me fez tão mal, tão mal. Flores tingidas de negro, é o ponto final. Apenas quero sentir me livre, livre desta ferida outrora tão profunda e dolorosa. Mas agora, agora apenas é uma pequena ferida quase a apagar-se. Porque sim, eu sinto. E apenas quero, e quero muito, que ela se desvaneça por completo e que morra diante de mim, e que me liberte definitivamente a alma. E o melhor? Está quase. É claro que eu também tenho medo, mas não digo nada. O melhor mesmo é sorrir para a vida e pensar que vai tudo correr bem, mesmo quando ela nos dá um pontapé e caímos de joelhos no chão. E é ingénuo querer apagar coisas que não podem ser apagadas. O que foi, já lá vai, e o que é ainda agora o está a ser. Porque não aproveitar isso? Tenho esta vontade... esta vontade irreprimível de voltar a tocar, a sentir, e a viver o amor. E sei que no preciso momento em que partimos atrás dele, também ele parte ao nosso encontro, e salva-nos. Quem sabe se já não estarei a ser salva, neste preciso momento?
Concordo absolutamente! Estou 100 porcento alinhado com o desabafo :)
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